“Quem eu sou, você só vai perceber quando olhar nos meus olhos, ou melhor, além deles.”
Clarice Lispector
Inspirei-me na maravilhosa Clarice Lispector para refletir aqui sobre questões que muitas pessoas perguntam: Para que fazer terapia? Quando sei que é legal fazer terapia?
Ora, se para saber quem eu sou, eu preciso olhar além dos meus olhos, preciso saber o que seja olhar além dos meus olhos...
Se alguém pergunta quem é você, você responde rapidamente contando sua profissão, seu estado civil, seus defeitos e eventualmente alguma qualidade não é assim? Porque claro, todos tem uma imagem de si mesmo para contar.
Mas que imagem é essa? Construída ao longo da vida, sem dúvida, essa imagem é definida pelo que os olhos são capazes de ver. Mas que olhos? Essa imagem é um reflexo da visão das outras pessoas sobre mim e ou da minha própria visão?
Os olhos só vêem o que está consciente - o que está na cara - e a visão externa é um reflexo do espaço interno que visualizamos, portanto, só podemos ampliar nossa visão externa, ampliando nossa visão dos espaços internos.
Quero dizer, a visão que temos do mundo, das pessoas e de nós mesmos é uma tradução do que temos consciência e só podemos ampliar a consciência se conhecermos mais o que existe dentro de nós.
Terapia é o processo que leva cada um a conhecer melhor seus espaços internos, sonhos, desejos, fantasias, complexos, afetos, hábitos, heranças... essa montanha de sentimentos que foram sendo impressos em nós ao longo da vida.
É conversando, rindo, chorando, refletindo nossas histórias cotidianas, passadas, presentes e futuras, semanalmente no processo terapêutico, que cada um vai reconstruindo essa imagem de si mesmo. Esse tal de EU SOU...